Resenha: Procura-se um Marido - Carina Rissi
Procura-se um Marido (Verus; 473 páginas; 2013) é mais um livro da Carina Rissi que eu amei.
Alicia, uma garota mimada e inconsequente, vê sua vida mudar de repente quando o seu avô Narciso, um empresário riquíssimo, falece e coloca uma condição no testamento para Lili receber sua herança. Como Alicia foi criada pelo avô e é sua única herdeira, com o fim de que ela crie juízo, deve se casar e permanecer casada por um ano antes de assumir o patrimônio incalculável. Além disso, ela deve começar a trabalhar, já que perdeu todo o dinheiro. Clóvis, o advogado de confiança do avô, é quem dá a notícia:
“- Você conheceu os princípios de seu avô. Ele achava que um marido talvez fizesse você adquirir um pouco de maturidade, de sensatez. E, caso você nunca venha a contrair matrimônio, eu serei para sempre o curador, o tutor de sua herança. Infelizmente, você não terá acesso ao dinheiro ou aos lucros. Deverá se manter apenas com seu trabalho.”
Alicia tem dificuldade em aceitar a imposição de seu avô, que sempre a estimou muito, e a situação em que ele a colocou. Vai começar a trabalhar em uma das empresas do avô. Lá vai conhecer e ter que conviver com o irritante Max (Maximus).
“Uau! Que sorte a minha!
Trabalhar tendo aquela vista privilegiada não seria sacrifício algum, afinal...
Mas então ele abriu a boca.
- Olha só o que você fez! Eu levei horas para colocar esses papéis em ordem! - ele cuspiu, agachando-se para pegar as folhas, depois olhou para cima. - Você vai ficar aí, me olhando com essa cara? Vê se pelo menos separa o que é seu!”
Alicia ainda precisa arranjar um marido. Como casamento não estava em seus planos, para tentar burlar o testamento, publica um anuncio no jornal em busca de um marido de aluguel. Muitos candidatos estranhos irão se manifestar, mas um particularmente vai fazer o seu coração bater.
“Procura-se um marido para curta temporada. Homem entre 21 e 35 anos, que tenha imóvel próprio e emprego estável, disponível para matrimônio. Boa aparência não é exigida. Apresentação de antecedentes criminais obrigatória. Casamento de aparência. Sexo está excluído do acordo. Paga-se bem no término do contrato. Tratar com Lili pelo telefone...”
É uma leitura muito gostosa. Tem algumas partes bem clichês, propositais, mas a autora consegue nos surpreender com as soluções que ela usa para sair das situações de forma imprevisível, tornando alguns momentos bem engraçados.
Obra tão boa quanto Perdida, primeiro romance da escritora. Enquanto Perdida lembra mais um romance histórico, Procura-se um Marido é uma história bem contemporânea, cheia de problemas da modernidade. Embora os dois livros tenham uma linguagem bem atual e divertida, não é estigmatizada, têm estilos completamente diferentes, o que me surpreendeu e, na verdade, é como deveria ser mesmo.
Uma questão que merece destaque é a relação entre o avô e a neta. Embora haja um pouco de sobrenatural na ligação entre os dois após a morte de Narciso, há uma carinho entre eles que foi bem explorado desde o início.
“- Eu não estou com medo, você sabe - esclareci.
- Eu sei que não - ele abriu aquele seu sorriso cheio de rugas, que aquecia meu coração e me fazia sentir segura e protegida. Mas sabe... sinto falta disso. Quando você era menor, eu tinha que praticamente expulsar você da minha cama toda noite.
- Eu lembro. Mas não era medo. Era... Seu colchão sempre foi mais macio que o meu.
Ele riu, abafando um pouco do murmúrio furioso da tormenta que agora caía pesada lá fora.”
E, obviamente, não podemos deixar de falar de Max, que é puro mistério do início ao fim.
“- Problemas, Alicia?
Oh, Deus, anjos, querubins, fadas, qualquer um com poderes aí em cima, permitam que não seja ele. Permitam que não seja Max!
Quando levantei os olhos por sobre o braço do frentista, vi que minhas preces não foram atendidas.
- Precisa de ajuda? – uma sobrancelha se arqueou. Ele tentava esconder o sorriso, mas estava lá, em suas palavras, em seus lábios e naqueles olhos verdes irritantes.”
Sobre o fim, embora um pouco previsível, eu esperava que houvesse alguns acontecimentos que não se realizaram, e eu achei isso até bom. Porém, acho que terminou rápido demais depois que Alicia soluciona como retomar sua herança. Diferentemente de Perdida, em que a autora foi um pouco além de onde poderia ter sido o fim, nesta obra ela deixou um pouquinho no ar o felizes para sempre. Na verdade, só estou reclamando porque eu não queria que acabasse. ;)
As páginas são amareladas; a fonte, a margem e o espaçamento são OK, tranquilo para ler. A capa é linda, com algumas partes destacadas em verniz, e o título adequado com a história.
Nota: 5/5 (Excelente)
ISBN: 978-85-7686-198-0
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Até mais! Fabi
21 janeiro 2014
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