Review: Metal Gear Solid V: The Phantom Pain
MGS V vem contra tudo que a série sempre foi: uma sequência de cutscenes de tirar o fôlego com histórias complexas e pouca jogabilidade que, diga-se de passagem, nunca fui fã. O início da mudança para o que viria a ser a praticamente perfeita jogabilidade de MGS V seria, por incrível que pareça, a versão portátil para Psp Metal Gear Peace Walker. Inclusive, podemos atestar que The Phantom Pain é um Peace Walker em sua evolução máxima. Algo quase que impensável. Um sandbox que após horas e horas, mesmo repetindo missões, nunca fica cansativo, exaustivo e chato. Vamos pegar um sucesso desse ano, como exemplo. The Witcher 3. Um exemplo de RPG de mundo aberto que com certeza está a frente do restante da concorrência. Contudo, após 80 horas de jogo, você passará por momentos como “que chato ter que ir até aquele local…”, “ ah, outra missão de cheirar um perfume e seguir do ponto A ao B”. Claro, The Witcher 3 tem uma história densa e reprisa sua estrutura de modo a não sobrecarregar o jogador com repetições irritantes, como a Ubisoft vinha fazendo em todas as suas franquias. Só que Hideo Kojima, a mente insana por trás da saga de Solid Snake, deu um passo além nessa estrutura de jogos sandbox. A AI dos adversários impressiona, a atenção aos detalhes torna tudo plausível e a forma livre como podemos elaborar as invasões e cenas incríveis de ação sem scripts e roteiros prévios é impressionante. Isso tudo faz com que Metal Gear Solid V: The Phantom Pain seja eleito como o melhor game stealth, e provavelmente do gênero ação, de todos os tempos.
MGS V coloca você na pele do protagonista Snake após um terrível evento ocorrido em Ground Zeroes (sem spoilers aqui). O jogo começa com uma grande cutscene, digna dos outros títulos da série. Porém, ao baixar a poeira inicial, tudo se transforma: você será livre para realizar missões e atividades secundárias em um mundo aberto cheio de surpresas.
E para quem tem síndrome de Rambo aqui vai um alerta: cada inimigo morto, cada veículo explodido ou vila ignorada são oportunidades perdidas. Um novo recruta para a Mother Base, evolução muito bem vinda de Peace Walker, fará toda a diferença ao ser capturado no campo de batalha. Um veículo que poderá ser utilizado mais tarde ou recursos dentro dos acampamentos e vilas militarizados farão com que seu poderio militar “evolua” gradualmente. E essa é a parte viciante do game. Nesse ímpeto de melhorar a Mother Base e seus equipamentos, Hideo Kojima tornou a atividade furtiva, tão enfadonha na maioria dos games ( ou faz tudo sem ser visto ou game over), em algo prazeroso e viciante. Você vai querer capturar aquele soldado A++ especialista em transportes. Vai querer capturar o capitão da guarda adversária. Essa sensação, só jogando para poder senti-la.
24 horas de choradeira...
Aos que torceram o nariz para a saída de David Hayter como dublador do personagem para a entrada de Kiefer Sutherland, podem parar de chorar. O ator de 24 horas deu outra cara para o personagem com sua voz. Ao jogarmos os antigos games, a seriedade vai embora na primeira frase expelida por Hayter. Kiefer trouxe veracidade, tonalidade e vivacidade para o personagem. Jogue MGS V e compare depois. Sem desmerecer Hayter, mas neste caso a troca foi quase que necessária devido ao tom do jogo.
E para dar um toque só seu no jogo, praticamente tudo pode ser personalizado. O helicóptero, equipamento, Mother Base, até mesmo o emblema de seu exército particular podem ser editados. Como companhia durante suas infiltrações, poderá escolher entre um cavalo D-Horse, o seu amigo fiel D-Dog, ou DD como é chamado durante o jogo, e a estonteante Quiet. A personagem rouba a cena toda vez que aparece. Com pouca roupa e muita personalidade, a praticamente muda garota propaganda de MGS V tem muito conteúdo. Colocando de lado o fato de ter sido exposta como objeto sexual por sua pouca vestimenta, a sniper poderia usar trajes mais comportados que mesmo assim continuaria sendo a estrela principal do game.
Quando a expectativa é atingida...
Metal Gear Solid V: The Phantom Pain traz muitas camadas de profundidade. Administrar a Mother Base, enviar tropas para missões como, por exemplo, barrar um comboio e evitar o envio de lanternas para as tropas adversárias, adquirir recursos em bases inimigas para desenvolver itens, resgatar especialistas para cumprir requisitos e evoluir suas armas… tudo tem um motivo, uma razão de ser, um propósito no game.
MGS V é, até agora, a obra máxima do que um jogo realmente precisa ser: algo pessoal, incrível, cativante e inteligente. Temos a sensação que Hideo Kojima pensou em tudo. Um belo presente para todos aqueles que curtem games.
Desenvolvedora: Konami
Nota: 10/10
Até mais! Cris
12 setembro 2015
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