Review: Pupeteer

Ao jogar Pupeteer a primeira sensação é de se estar em um teatro. Isso mesmo. O game emula um teatro, com personagens baseados em bonecos de madeira. E ao contrário do que aparenta, a parte visual do game é incrível.

Você controla Kutaro, um boneco de madeira que perde a cabeça, literalmente, no início do game. Porém, isso faz com que você ganhe a habilidade de adquirir outras cabeças e cada uma delas tem um propósito em uma parte de cada fase. De fato, isso me decepcionou um pouco, pois desde o início achei que a troca de cabeças teria um propósito maior (vide Kid Chameleon para os mais nostálgicos). Contudo, as cabeças que Kutaro adquire servem mais como medidor de vida. A comparação próxima é com os anéis do Sonic: esbarre Kutaro em algum inimigo e a cabeça presente irá voar pelo cenário. Caso consiga pegá-la de volta, ok. Caso contrário, “perde” a cabeça e se existir outra (Kutaro pode possuir no máximo três por vez) automaticamente ela irá aparecer em seu lugar e você poderá continuar a fase. E apesar desse sistema ter tido um efeito decepcionante em um primeiro momento, é mais um ponto criativo do game.

Ao longo do jogo Kutaro irá adquirir outras habilidades, mas sua principal arma é uma tesoura mágica chamada Calibrus. E esse é o recurso mais criativo do game. Com a tesoura, além de despachar inimigos, Kutaro poderá cortar praticamente qualquer coisa no cenário como roupas, fumaça, água, e outros elementos. O jogo esbanja criatividade neste ponto, dando a Kutaro uma gama de movimentos através dos cenários utilizando a tesoura de várias maneiras. Em relação aos combates, os inimigos durante as fases são genéricos e fáceis. Mas esse não é o foco do game. O desafio do jogo é fazer com que Kutaro passe pelos perigos dos cenários até chegar a um chefe de fase. E é nessa hora que o combate brilha. Praticamente todos os chefes tem batalhas específicas, únicas e são derrotados utilizando QTE (quick time events) que fluem de maneira natural e cômica.

Os cenários de Pupeteer são deslumbrantes. Para começar, o jogo inteiro se passa entre cortinas de teatro, com holofotes apontando para o personagem principal, sob o som de uma platéia que irá rir e vaiar em vários momentos. Só isso faz com que o jogo seja incomum no melhor dos sentidos. Porém, Pupeteer vai além: os cenários são emulados também como se fossem partes de um teatro, sobrepondo-se e movendo-se para trás uns dos outros, rotacionando entre eles e utilizando essa brincadeira como parte do jogo. A versatilidade e excentricidade imperam nesse quesito. Tudo é legal, lindo, diferente... Pupeteer é para o PS3 o que Tearaway é para o PS Vita: uma obra-prima.

Caso você tenha um televisor 3D, ai vai uma surpresa: Pupeteer apresenta os melhores efeitos 3d que presenciei até hoje em um game. Você irá reparar que o jogo inteiro foi feito pensando no recurso. Muitas vezes Kutaro irá ser lançado em sua direção, inimigos voarão para cima de você ou coisas explodirão ao seu redor. Incrível. Outro pronto extremamente positivo é a dublagem: a versão com o idioma português ficou sensacional.

Talvez o ponto negativo do jogo seja exatamente sua longevidade. O jogo, apesar de raramente se repetir, torna-se comum em alguns momentos, dando aquele ar de preguiça quando se joga games de plataforma. Porém, diferente de outros jogos do gênero, são momentos raros onde isso acontece.

Pupeteer apresenta uma história que levará aproximadamente 10 horas de sua vida. Contudo, serão momentos de risada, alegria e surpresas que farão dessa jornada algo inesquecível. Vários sites comparam Pupeteer com um desenho da Disney. Nada mais justo tendo em vista a criatividade, dedicação e empenho em transformar um entretenimento eletrônico em algo memorável e único.